Há versos que dormem
na beira de um lago
de sabor amargo
sonhado por mim
Em mil pesadelos
contorcem as letras
que, obsoletas,
desfazem-se afins
Há versos que dormem
no meio da rua
com gosto de lua
em fases de mim
Ditando-me frases
de bases tão cruas
expoem-me ao acaso
descaso sem fim
Há versos que dormem
e eu, acordada,
tateio, em olhares,
lugares sem fim
Lambendo meu pranto
me atiro no leito
nem busco no peito
nem busco em mim
Um verso imperfeito
na certa, acordado,
tranquilo e sereno
querendo o meu sim
UM - Lena Ferreira - rev.março/13
quarta-feira, 27 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
NUVEM
Quando fui mar, tentei rasgar dois oceanos
e com esse plano, me perdi nas muitas rotas
das densas ondas de espumas fractais
que, urgentemente, devolviam os meus ais
Regurgitava o que do fundo revolvia
e dissolvia a razão tão de repente
sinceramente, não sabia mais se via
ou imaginava o que estava à minha frente:
Mais de dez vultos, embaçados, e falavam
em uma língua que, entender, não conseguia
mas insistiam com um sorriso convincente
e a viagem, a grosso modo, prosseguia
Quando fui mar, ralei a alma em rochedos
por aceitar a incitação de qualquer vento
- evaporei e aguardo, num céu de estio,
pra deslizar no curso de um perene rio. -
NUVEM - Lena Ferreira - março/13
sexta-feira, 22 de março de 2013
A VIA
Havia o som dos silêncios aflitos
que divisava o espaço entre a boca e a pele
suspiros suspensos causando arrepios
e alguns segredos macios prestes a desabrochar
Havia o abismo infundado e arredio
que separava o voo do seu arremesso
em linha tão tênue, em sede-precipício
e o avesso da calma querendo queimar
Havia o desejo incontido, fremente
que inflava o peito em batidas fatais
em descompasso à razão; rarefeito
e muitas gotas a nos encharcar
Havia, e a via, do meio ao princípio
recomeçava até que, ao final
entre espasmos, sussurros, sem frio
morremos, plenos, dentro de um olhar
A VIA - Lena Ferreira - março/13
quarta-feira, 20 de março de 2013
PLANTIO
Era feita de nuvens esparsas e estrelas frias varriam o céu da sua boca. De quando em vez, cuspia em vãos olhares que, ditos vulgares, deitavam-lhe apontamentos. Catava lágrimas em terreno infértil e seco, bebia mágoas em fontes alheias. Erguia muros em torno dos próprios destroços e no seu rosto, o riso não se desfazia. Puro disfarce, sei, pois por dentro jorrava o sangue de letras rotas entorpecendo o pensamento. E quando o vento lhe acenava, imaginava o seu livramento. Mas, ledo engano, sempre colhia a tempestade dessas verdades desinventadas que semeava paulatinamente contra o tempo...
Plantio - Lena Ferreira - março/13
AGORA
Porque a vida é agora
sem o excesso do passado
nem a ânsia no futuro
eu alcanço a minha paz
Porque a vida é agora,
é o instante reservado
se for claro ou escuro
enfrentá-lo, sou capaz
Porque a vida é agora
e o segundo é ser alado
não se equilibra em muro
e nem olha para trás
Porque a vida é agora
sem dilema calculado
se me corto, sei que curo
aprendi; não choro mais
Porque a vida é agora;
um instante sem demora!
AGORA - Lena Ferreira - março/13
sem o excesso do passado
nem a ânsia no futuro
eu alcanço a minha paz
Porque a vida é agora,
é o instante reservado
se for claro ou escuro
enfrentá-lo, sou capaz
Porque a vida é agora
e o segundo é ser alado
não se equilibra em muro
e nem olha para trás
Porque a vida é agora
sem dilema calculado
se me corto, sei que curo
aprendi; não choro mais
Porque a vida é agora;
um instante sem demora!
AGORA - Lena Ferreira - março/13
segunda-feira, 11 de março de 2013
CONCERTO
Deu pra escutar
o som das cores
e rabiscava em sonata
o que ouvia.
A melodia transbordava
um oceano
que desaguava
pelos olhos que ouviam.
- um mar imenso
colorindo o desacerto
e o som das ondas
aplaudindo esse concerto. -
Concerto - Lena Ferreira - março/13
MADRUGANDO SILÊNCIOS
Enquanto a noite respira silêncios, mão aflitas se afogam em saudades de um passado cuidado, tão presente, onde olhares silentes trocavam verdades....No desespero, se agarram às estrelas onde penduram todas as suas queixas. Apressam a noite e, tentando aquecê-las, madrugam silêncios acordando o sol...
Madrugando silêncios - Lena Ferreira.
Madrugando silêncios - Lena Ferreira.
JURAMENTO
Sentindo o vento da inútil espera
parti, alucinada, à tua procura
acompanhada pela ânsia-fera
convulsionei meus pés em sã loucura
A cada passo meu, o teu -pudera-
se afastava mais na noite escura
crescente, o desespero, tal qual hera
fazia-me lançar a insana jura:
-Depois que te encontrar, me distancio;
juro! Bem sei que estamos por um fio
melhor é estancar o sangramento!
(...eu beberei teus olhos em aceno
na despedida, o sorriso sereno
se apagará junto com o juramento.)
Juramento - Lena Ferreira - 11/3/13
parti, alucinada, à tua procura
acompanhada pela ânsia-fera
convulsionei meus pés em sã loucura
A cada passo meu, o teu -pudera-
se afastava mais na noite escura
crescente, o desespero, tal qual hera
fazia-me lançar a insana jura:
-Depois que te encontrar, me distancio;
juro! Bem sei que estamos por um fio
melhor é estancar o sangramento!
(...eu beberei teus olhos em aceno
na despedida, o sorriso sereno
se apagará junto com o juramento.)
Juramento - Lena Ferreira - 11/3/13
sexta-feira, 8 de março de 2013
BREVE GREVE
BREVE GREVE
(Lena Ferreira)
Não te quero tarde; te quero agora
Urgentemente mas isento de pressa
A lua encontra o dia com a promessa;
fazer brilhar o amor e sem demora
Amar-te às claras na vaga brisa leve
É mágico encanto; é calma e calma
Que acalma os delirantes traumas
Queimados em fogueira; chama breve
Cadentes num amar constante e puro
Anima por mim mesma a alta estima
Sucedem voos em saltitos leves
Dois corpos flutuando; vejo, juro
Em êxtases e espasmos; verso e rima
carinho letra a letra; urgência é greve
ESSAS MULHERES
ESSAS MULHERES
(Lena Ferreira)
Essas mulheres
que desfilam competência
são filhas da desobediência
das velhas ordens sociais
Essas mulheres
netas da censura
negaram-se à clausura
dos seus vívidos ideais
Essas mulheres
desafiam o vento
correndo contra o tempo
fazem o dia render mais
Essas mulheres
são trabalhadoras
estudantes, mães, educadoras
conselheiras e até pais
Essas mulheres
são mulheres de fato
corajosas, assinaram um contrato:
dar o seu melhor em tudo que for capaz
...e, ainda, um pouco mais
ASSIM
ASSIM
(Lena Ferreira)
É assim que me entrego à vida; como as águas do mar que se rendem ao vento. A princípio formando marolas tímidas
mas que, pouco a pouco, vão se avolumando e formam ondas caudalosas onde sei que saciarei a minha sede de viver intensamente.
Num mergulho inteiro e profundo, bebo todas as oportunidades que o sol me apresenta ao amanhecer. Emerjo praticamente saciada mas prossigo; transpirando possibilidades, saboreio a brisa que crispa as ondas mornas. Aportando ao entardecer nas areias do tempo, aguardo, quem sabe quieta, pelo brinde da lua para mais uma intensa e urgente entrega. Assim, eu vivo.
PROMESSA
PROMESSA
(Lena Ferreira)
E um amor prometido pelo tempo
cria asas e derrama-se no vento
Intocável como a pedra na colina
solidário, cúmplice e puro e livre
Enlaçados entre nuvens e orvalho
colhem o néctar da pureza eterna
enviando sinapses estelares várias
pensamentos refletidos em sorrisos
Quão lindo é um amor assim...
Crente, silente e ciente do Eterno
e da Promessa da Vida Na Luz Maior.
terça-feira, 5 de março de 2013
VENTANTE
VENTANTE
(Lena Ferreira)
Vento vasto, varre e verte
vozes de sonhar ao longe
leva meu pensar tão leve
a atingir picos e montes
Vento vibra, a voz inverte
arremassando promessas
atingindo a mente em greve
açoitando vãs remessas
Vento venta, fortemente
assassinando torturas
libertando toda mente
que se esquece na clausura
Vento avisa e brisa a folha
sacudindo o pó da escolha
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