quinta-feira, 21 de junho de 2012

HORAS MORTAS


HORAS MORTAS
(Lena Ferreira)

E te direi de como as horas, tortas,
faziam ecoar os seus lamentos
em tique-taques, perturbando portas
anunciando o descontentamento

Por verem, à vida, as gentes semimortas,
por todo canto, sem tomarem assento
em canto algum e se tu não te importas
direi, também, do enorme sofrimento

Das horas gastas com assunto fútil
e do ponteiro incerto, tolo, inútil
que apontava o dedo teso, em riste

Com um discurso de ensaio raso
sobre os lamentos, ria; pouco caso,
matando as horas, tortas e tão tristes

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