quinta-feira, 14 de junho de 2012

Na hora em que me vejo...




No relógio da minha pressa faltou tempo para me sentir. Uns riscos nos olhos ao fechar ou abrir, uns fios brancos não mais tão escondidos entre os loiros, algumas transformações por todo ser... Melhor não enumerá-las...  O Tempo é imprescindível para o melhoramento das espécies.
Importo-me com a iminente sensação de que não me vejo além dos rabiscos, além de vultos no espelho. Sou mais do que tenho e tenho menos de mim por não me ser ou ter posse de tempo pra mim. Preciso que meu Eu se cale, não posso deixar que se passe a hora...
...a hora em que me vejo.
E sem muito esforço logo me contemplo sorrindo, um sorriso que aprendi a dar após muitas lágrimas caídas, lânguidas feridas, alma latente e sobrevivida. Espero regredir minha infância esquecida, voltar, quem sabe, ao tempo da amarelinha riscadinha na areia da rua, arremessarei uma das tantas pedras que me foram lançadas nos infortúnios passados...
...Passado.
Sem quedas. Ergui-me de todas elas. Refiz-me de criança à mulher. Sem medo algum vou pulando os riscos, conto casinhas e canto, canto em cada etapa, até na hora da virada, da outra brincadeira, da dança de roda ou simplesmente saltando a corda...
Ah! Eu canto...
“Senhoras e senhores, ponham a mão no chão
Senhoras e senhores, pulem de um pé só
Senhoras e senhores, dêem uma rodadinha...”
Canto, caio, levanto, entro e saio na mente minha e nas paisagens desenhadas de ilusões. Teço  telas de muitas contradições... Bem ou mal, mil e uma sensações. Sou mais que traços de rugas, sou mulher de alma nua, crua e muitos corações.

Um comentário:

  1. E é essa nudez que te faz ser a escritora de talento que és, Bia Cunha! Dona de teus passos e verdades e vontades. Adone-se cada vez mais. Teus leitores agradecem! Beijo na alma!

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