domingo, 22 de julho de 2012

DESPEDIDA


DESPEDIDA
(Lena Ferreira)

Que seja breve essa minha despedida
que eu parta como um sopro seco
silencioso, inodoro e sem salvas.

Vida curta, vida curta! Te mereço!

Pago o preço - nem tão alto - por só ser
Afinal, amar demais e amar a tudo
é absurdo, é insensato e o pior:

São tantos dedos, tantos ditos, tantos danos
tantos ritos, tão insanos sob os panos
que os meus planos de viver eternamente
escorreram pelos vãos das minhas mãos.

Se acaso ouvires a voz do vento surdo
soprando mansamente ao pé do teu ouvido
pode ser que seja eu que, finalmente,
tenha aprendido a amar devidamente.

(mesmo que seja tarde demais.)

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