sábado, 21 de julho de 2012
SEGREDO
SEGREDO
(Lena Ferreira)
Há dias de alvoroço; fora e dentro
e por mais que se tente, é impossível
encontrarmos o centro, o eixo, o nexo
e tudo vira resto; sobra, pouco, nada
O silêncio, solidário, doa-me sua voz
já que a minha dói pelo excesso de ar
das palavras de pedra atiradas ao vento
quebrando os telhados de zinco e cipó
Esses dias passam e me pego tranquila
esquecida das coisas, lembrando de mim
deitada em seus olhos, cândidos e nus
quando o tempo, calmo, morria lá fora
Aqui dentro, tudo é tão vívido, tão meu
por cautela, evito sussurrar seu nome; medo
de que assim, o vento espalhe meu segredo
fazendo esses dias tranquilos passarem também
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