quarta-feira, 4 de julho de 2012

SEMENTE


SEMENTE
(Lena Ferreira)

Não, eu não tenho mais aquela pressa
aquela que me fazia cortejar os abismos
e namorar precipícios futuros; incertos passos
tropeços natos em relatos infundados

Hoje, dou-me o prazer de saborear palavras
e tirar o sumo do silêncio casto com cuidado
tateando signos, semelhanças e segredos; os meus
sabendo que do nada sei tão pouco e de tudo, nada sei

Busco em mim a paz para estampar um sorriso novo
e por gosto, transito leve entre nuvens virgens
aguardando pela chuva que fará florir rica semente
na mente, antes ansiosa, que agora espera pacientemente

No peito, pulsa um amor puro - o próprio - e bastante
capaz de levar adiante a certeza de que sendo assim
poderei amar ao outro com muito mais leveza; fato!

E assim tenho seguido em frente, passos miúdos
e não me iludo no trajeto, convocando os meus dias
pra me acompanharem nessa lida leve e infinda
que me brinda em descoberta de um pouco mais de mim.

2 comentários:

  1. Lindo Lena...
    Me encontro acolhida em sua poesia.

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  2. Fico feliz, Vânia. Muito feliz que tenha se identificado. Obrigada pelo carinho da visita. Beijos.

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