Vou...
aconchegar-me-ei no teu cansaço
que, de tanto divagares, andas farto
e falta-te o ar no peito inteiro, todo
Vou...
e dar-te-ei um pouco do meu muito vento
que, cá, rega os meus impulsos em galopes extremados
cardiovascularizando a pele; penso
...que assim serias meu, bem como já sou tua
e suo na subida da colina, longe, alta, horizonte ensolarado
- tanto, tanto que, fechando os olhos, me atiro -
Voo...
e pouso nesses braços fortes, destino escolhido, apalpo a calma
- novidade nesta vida - que exala das tuas mãos e boca e pele
tateio as bordas do sossego tão sincero que ofereces
...acarinhando a tua face, sinto que, silenciosamente,
a alma minha se despede
purpurinada à brisa vaga, calmamente, desfaleço...
SÍNCOPE - Lena Ferreira - maio/13
sábado, 25 de maio de 2013
quinta-feira, 23 de maio de 2013
DISFARCE
São esses olhos que quase desaguam
e mal disfarçam uma dor profunda
que dizem tanto quando dizem nada
que me revelam a mágoa que te inunda
São esses gestos sempre tão discretos
e tão contidos num estranho medo
guardando um quê por entre vão dos dedos
que me revelam em silêncio secreto:
É com essa calma que tão bem ensaia
beijando a brisa desejando o vento
que tu sorris pra que o choro não caia
me diz, pra que protelar o tormento?
O choro lava a alma e limpa a mágoa
pergunto, então: por que tu não desaguas?
DISFARCE - Lena Ferreira - maio/13
e mal disfarçam uma dor profunda
que dizem tanto quando dizem nada
que me revelam a mágoa que te inunda
São esses gestos sempre tão discretos
e tão contidos num estranho medo
guardando um quê por entre vão dos dedos
que me revelam em silêncio secreto:
É com essa calma que tão bem ensaia
beijando a brisa desejando o vento
que tu sorris pra que o choro não caia
me diz, pra que protelar o tormento?
O choro lava a alma e limpa a mágoa
pergunto, então: por que tu não desaguas?
DISFARCE - Lena Ferreira - maio/13
SUTILEZAS
Essas sutilezas que me vestes
- delicadezas fartas e tão raras -
vão deixando na pele, pistas claras
da intenção primeira que revestes
Com as notas da canção em solfejos
cantada co'essa voz tão bela e forte
fazendo bússolas perderem o norte;
tremula a alma minha de desejo
Ah, esses detalhes cheios de cuidado
ah, esses cuidados cheios de detalhe;
eles aumentam a vontade e a certeza
De querer, sempre, estar ao teu lado
e de que viver nessa vida só vale
se atentarmos para as sutilezas
DETALHES - Lena Ferreira - maio/13
- delicadezas fartas e tão raras -
vão deixando na pele, pistas claras
da intenção primeira que revestes
Com as notas da canção em solfejos
cantada co'essa voz tão bela e forte
fazendo bússolas perderem o norte;
tremula a alma minha de desejo
Ah, esses detalhes cheios de cuidado
ah, esses cuidados cheios de detalhe;
eles aumentam a vontade e a certeza
De querer, sempre, estar ao teu lado
e de que viver nessa vida só vale
se atentarmos para as sutilezas
DETALHES - Lena Ferreira - maio/13
quarta-feira, 22 de maio de 2013
PARTO
Fosse esse seu silêncio
estéril
e ainda virgem,
solteiro e senil
seria em seu tempo a
partida
com a vida seguindo
levemente
Mas não...
Trouxe consigo o
vigoroso vício
das verdades
absolutamente analíticas
nas pausas grávidas de
afrontas e tiques
salmourando cílio a
cílio
Fosse esse seu silêncio
estéril
evitaria um parto
prematuro
PARTO – Lena Ferreira
– maio/13
terça-feira, 21 de maio de 2013
CHAMA
Deitada no teu peito, ternamente
coberta pelos dedos consagrados
isenta de pudor e de pecado
sussurro poesias lentamente
Percorro tua pele que, tão quente,
derrama-se em suores destilados
inflama, alma a alma, lado a lado
e aumenta o desejo já ardente
A chama acesa permanece pura
enquanto o amor no leito se derrama
num frenesi que beira à loucura
O tempo, adormecido, não reclama;
enquanto nós trocamos ternas juras
segredos viram cinzas nessa chama
CHAMA - Lena Ferreira -
coberta pelos dedos consagrados
isenta de pudor e de pecado
sussurro poesias lentamente
Percorro tua pele que, tão quente,
derrama-se em suores destilados
inflama, alma a alma, lado a lado
e aumenta o desejo já ardente
A chama acesa permanece pura
enquanto o amor no leito se derrama
num frenesi que beira à loucura
O tempo, adormecido, não reclama;
enquanto nós trocamos ternas juras
segredos viram cinzas nessa chama
CHAMA - Lena Ferreira -
segunda-feira, 20 de maio de 2013
REVENTA
Vento
que vem tão forte
ventaneja tempestades
nas dobras
que vem tão forte
ventaneja tempestades
nas dobras
da semimorte
que me sopra inverdades
Enverga
que me sopra inverdades
Enverga
do sul ao norte
os pendões da
falsidade
derruba-os
sem fero corte;
reventa sinceridade
REVENTA – Lena
Ferreira – maio/13
sexta-feira, 17 de maio de 2013
QUASE VENTO
Pois se deságuo feito
chuva em sua senda inteira
ascendendo o fogo morno, afagando brasa em pele
- afogando pelos em apelos -
é porque, nuvem sendo, condenso saliva, suores, humores
desabando em ciclo vivo no céu sereno que sua boca quente
Há desassossegos imersos nesse mar de calma aparente
ascendendo o fogo morno, afagando brasa em pele
- afogando pelos em apelos -
é porque, nuvem sendo, condenso saliva, suores, humores
desabando em ciclo vivo no céu sereno que sua boca quente
Há desassossegos imersos nesse mar de calma aparente
seguros no fundo por
crivos acidulados pela inconstância
Sendo assim, traga a boca da alma pra mais perto
beba da palavra sacrossanta que ofereço
Sendo assim, traga a boca da alma pra mais perto
beba da palavra sacrossanta que ofereço
e matarei sua sede com
o vinho extinto do segredo:
embriaguei-me com essa brisa leve, quase vento,
embriaguei-me com essa brisa leve, quase vento,
que esconde por detrás
desses seus olhos de sol...
QUASE VENTO - Lena
Ferreira – maio/13
quinta-feira, 16 de maio de 2013
ÀS FLORES
Era preciso agradecer
às flores
angelicais, perfumadas
e tantas
pelo conforto para as
suas dores;
àquelas que travavam a garganta
Era preciso agradecer,
e tanto,
por preservarem esse
juramento:
o mesmo sol mas com um
novo encanto
como um sussurro no seu
pensamento
Era preciso, e com
muita ternura,
agradecer, agradecer e
muito
pela promessa, tão
límpida e pura
que, finalmente,
cumpriu o seu intuito
ÀS FLORES – Lena
Ferreira – abril/13
quarta-feira, 15 de maio de 2013
LENIMENTO
Nestes dias de tristeza,
desencanto
intentando encontrar um lenitivo
que me faça resistir, mantendo ativo
intentando encontrar um lenitivo
que me faça resistir, mantendo ativo
o motor que pulsa no
esquerdo canto
Percorrendo o nosso ontem, teço pranto,
recordando dos momentos que,
passivo,
vi morrer a míngua o que me
punha vivo:
teu amor, tua doçura; tanto
encanto
Nestes dias de tristeza, só
a morte
viraria a mesa e, talvez,
com sorte
sob a terra, a sete palmos,
os meus ossos
Serviriam, para os vermes,
de alimento
e a alma encontraria o
lenimento
que não tenho nestes dias;
só remorso
LENIMENTO – Lena Ferreira
– maio/13
ANIQUILAÇÃO
Esses dias tão iguais
onde a lástima desfila
e seu visco vil destila
com promessas abissais
Me cansei de tantos ais
é mal que a alma
aniquila
derrubando, a quem
vacila,
com trovões e
temporais
Esses dias repetidos
vão soltando seus
gemidos
contaminam quarto e
sala
Onde os nossos tempos
idos?
Hoje vão descoloridos
onde só o silêncio
fala...
ANIQUILAÇÃO – Lena
Ferreira
quarta-feira, 8 de maio de 2013
PROPOSTA
Não
é de mágoas o verso que eu canto
nem de lamento propriamente dito
Pergunto, então: por que o andar aflito?
Por que perder, da vida, o encanto?
.
Já nem sei mais porque eu choro tanto
e ainda mais choro se mais eu reflito
O pensamento em vão, vaga ao restrito
do fosso fundo da calma; só pranto
.
Ah, quem dera saber a resposta
para estes míseros questionamentos
minimizando o inútil sofrimento
.
Mas vida é vida e sussurra a proposta:
(basta saber se eu estou disposta)
- Feche suas portas por breve momento
nem de lamento propriamente dito
Pergunto, então: por que o andar aflito?
Por que perder, da vida, o encanto?
.
Já nem sei mais porque eu choro tanto
e ainda mais choro se mais eu reflito
O pensamento em vão, vaga ao restrito
do fosso fundo da calma; só pranto
.
Ah, quem dera saber a resposta
para estes míseros questionamentos
minimizando o inútil sofrimento
.
Mas vida é vida e sussurra a proposta:
(basta saber se eu estou disposta)
- Feche suas portas por breve momento
PROPOSTA
– Lena Ferreira – maio/13
segunda-feira, 6 de maio de 2013
IN VENTO
É o vento
que tange o poema-loucura
de verso inconcluso
com verbo indeciso
trazendo pra perto
o veneno e a cura
levando pra longe
o sorriso e o juízo
É o vento
que tange o poema imperfeito
de estrofe alquebrada
cheio de ruído
trazendo pra perto
o acerto e o defeito
levando pra longe
o vazio doído
É o vento
que tange o poema e poema
com letras e pontos
de exclamação
trazendo pra perto
o fim do problema
levando pra longe
a interrogação
É o vento
que in vento
é o vento
que in vento
IN VENTO - Lena Ferreira -
POR HORA
Não há portanto no instante resistente
nem mais saudade de torpor insustentável
e os defeitos exclamados pelos tantos
são devaneios de Pandora aborrecida
Não há mais vento, ventania ou tempestade
nem mais marés em tantos cantos insistentes
por entre as veias, corre um rio fresco e manso
e uma brisa morna embala os pensamentos
Não há mais grito no enquanto tão silente
nem mais sussurro acordando a lua avulsa;
das mãos exala um misto de verbena e lírio
e os pés, por hora, tocam levemente o chão
POR HORA - Lena Ferreira -
nem mais saudade de torpor insustentável
e os defeitos exclamados pelos tantos
são devaneios de Pandora aborrecida
Não há mais vento, ventania ou tempestade
nem mais marés em tantos cantos insistentes
por entre as veias, corre um rio fresco e manso
e uma brisa morna embala os pensamentos
Não há mais grito no enquanto tão silente
nem mais sussurro acordando a lua avulsa;
das mãos exala um misto de verbena e lírio
e os pés, por hora, tocam levemente o chão
POR HORA - Lena Ferreira -
quarta-feira, 1 de maio de 2013
HÁ DEZ MAIOS
Estio é o endereço certo e seco
desses olhos baços de brilho morno
de onde, intensa, a má água ainda transborda
e canto a canto porém aparentemente é calma
à expressão colhida cedo na vaga lua madrugada
fria e imensa; tanto que esbarrou na esquina doce
de anis estrelado lambendo o céu da tua boca, sim...
Há desmaios nesses verbos, sinto
também, há galopes no meu peito, não minto
há avalanches e enterro de promessas
vagaromentirosas, esguias e cãs
Entre os tantos cacos de incertezas
depositarei os meios nus, tensos e tesos
para que transporte a carga altiva e viva
a fim de recuperar as asas de voar tão alto
e , de novo, levemente, pousar meus lábios
nos teus lábios cor de espinho virgem e quente
- que jamais me feririam mas que já me deixaram marcas -
HÁ DEZ MAIOS - Lena Ferreira -
desses olhos baços de brilho morno
de onde, intensa, a má água ainda transborda
e canto a canto porém aparentemente é calma
à expressão colhida cedo na vaga lua madrugada
fria e imensa; tanto que esbarrou na esquina doce
de anis estrelado lambendo o céu da tua boca, sim...
Há desmaios nesses verbos, sinto
também, há galopes no meu peito, não minto
há avalanches e enterro de promessas
vagaromentirosas, esguias e cãs
Entre os tantos cacos de incertezas
depositarei os meios nus, tensos e tesos
para que transporte a carga altiva e viva
a fim de recuperar as asas de voar tão alto
e , de novo, levemente, pousar meus lábios
nos teus lábios cor de espinho virgem e quente
- que jamais me feririam mas que já me deixaram marcas -
HÁ DEZ MAIOS - Lena Ferreira -
segunda-feira, 29 de abril de 2013
DESTINO
Eu canto, com ou sem motivo
sorrio até sem ter vontade
não pense que por vaidade
mas sim para manter-me vivo
Meu coração não é cativo
só segue o que lhe dá vontade
alheio às tolas verdades
a parte; assim, eu sobrevivo
Eu canto e, como em qualquer canto,
às vezes, também desafino
mas nem por isso perco o encanto
Por mais que viva, sou menino
qual um passarinho em voo amplo:
é assim que sigo o meu destino
DESTINO - Lena Ferreira - abril/13
ESTÁGIO
Estágio em cansaço vadio
esgrimam o ócio e o vício
esmolas de pão e de vinho
esmagam o fim mais propício
Desvelo novelando o fio
deslumbre do vão-precipício
desvio do verbo; adivinho
desterro em terreno difícil
Inverso do medo arredio
inverno mostrando o indício
interno o externo mesquinho;
invento outro fim pro início
ESTÁGIO - Lena Ferreira - abril/13
esgrimam o ócio e o vício
esmolas de pão e de vinho
esmagam o fim mais propício
Desvelo novelando o fio
deslumbre do vão-precipício
desvio do verbo; adivinho
desterro em terreno difícil
Inverso do medo arredio
inverno mostrando o indício
interno o externo mesquinho;
invento outro fim pro início
ESTÁGIO - Lena Ferreira - abril/13
domingo, 28 de abril de 2013
MAIS UM CLICHÊ
Menos
expectativas geram infinitas surpresas; é fato! Clichê também mas tão
certo que é sempre bom ter isto em mente. Diminua a ansiedade da espera,
principalmente por uma postura ou atitude do outro. Faça sua parte,
independente do outro. Seja, simplesmente por você e não pelo outro e o
resto virá e mesmo que não venha amanhã ou depois, a semente foi
plantada e, de repente, florirá num campo que você menos imagina; eis a
surpresa, sem ensaio! Com desejo de uma semana tranquila, deixo um beijo
azul em cada um que por aqui passar. Domingo lindo, por dentro e por
fora, queridos. Lena Ferreira
quinta-feira, 25 de abril de 2013
COMBINADO?
Então fica combinado que, a partir de hoje, não voltaremos ao passado inutilmente.
Que sejamos, tão somente, visitantes breves dos fatos que mereçam ser repetidos e não seus hóspedes permanentes.
E que não sejamos meros expectadores do nosso futuro, nem de leve, e sim, trabalhadores árduos neste merecido presente. Combinemos que, com sutilezas, ergueremos pontes, derrubaremos muros, alargaremos horizontes. E, retirando o pó das palavras construtivas – ouvidos atentos aos detalhes que o vento nos traz – iremos além.
Que sejamos, de fato, presentes - modo e adjetivo - e tenhamos motivos de sobra para comemorar o simples fato de estarmos vivos.
Lena Ferreira
Que sejamos, tão somente, visitantes breves dos fatos que mereçam ser repetidos e não seus hóspedes permanentes.
E que não sejamos meros expectadores do nosso futuro, nem de leve, e sim, trabalhadores árduos neste merecido presente. Combinemos que, com sutilezas, ergueremos pontes, derrubaremos muros, alargaremos horizontes. E, retirando o pó das palavras construtivas – ouvidos atentos aos detalhes que o vento nos traz – iremos além.
Que sejamos, de fato, presentes - modo e adjetivo - e tenhamos motivos de sobra para comemorar o simples fato de estarmos vivos.
Lena Ferreira
quarta-feira, 24 de abril de 2013
TUAS ÁGUAS
Acomodas tempestades e no teu peito
há um vão tenso de onde escorrem vãs palavras
em lavas que inundam o quarto e a sala
e não cala o verbo que eu não quis ouvir
Fala de nós ao vento que passa ao longe
enquanto chamo a brisa para o nosso lado;
ela vem mas logo parte e em desassossego
rego o canto com meu canto de te amar
Não é doce a voz que sai de mim; é trêmula
carregada de um tom acovardado – refreio -
Não soubeste precisar nada além desta imagem
impregnada por detrás dos olhos negros, pequeninos
moles de tanto te ver e ver; tão perto e tão distante
Teu peito é um não imenso; incita tempestades
alargando o canto esquerdo com mais m'águas
TUAS ÁGUAS - Lena Ferreira - abril/13
segunda-feira, 22 de abril de 2013
CATORZE
Os catorze que aqui vão, sem disciplina
rasgam regras e não prestam continência
no quartel da academia de excelência:
mancos, pobres, loucos; babam na rotina
São catorze desafetos às retinas
embotadas e com pouca paciência;
logo deitam o selo de incompetência
no soldado que faz o que não domina
São catorze e mesmo presos pela rima
são tão livres por fazerem o que primam
mesmo com dura censura nessa forma
São catorze! Livres, sim, da pretensão
de alcançarem, seja um dia, o escalão
desejado pelos presos a uma norma
CATORZE - Lena Ferreira - abril/13
PELA VIDA
Pela estrada sigo firme, vou cantando,
desde quando o sol desponta até a lua.
Firmes passos no compasso, caminhando,
vez por outra, ponho minha alma nua.
Sinto o cheiro deste vento. Vou passando
Um perfume de verbena se insinua,
beija o rosto, vai a alma perfumando,
passos firmes vou seguindo pela rua.
Pela rua eu encontro tantas flores,
me recordo dos meus tantos mil amores,
revivendo na visão do pensamento.
Os espinhos que causaram tantas dores
hoje servem de lição, de ensinamento.
Pela vida sigo firme, vou com o vento!
PELA VIDA - Lena Ferreira -
desde quando o sol desponta até a lua.
Firmes passos no compasso, caminhando,
vez por outra, ponho minha alma nua.
Sinto o cheiro deste vento. Vou passando
Um perfume de verbena se insinua,
beija o rosto, vai a alma perfumando,
passos firmes vou seguindo pela rua.
Pela rua eu encontro tantas flores,
me recordo dos meus tantos mil amores,
revivendo na visão do pensamento.
Os espinhos que causaram tantas dores
hoje servem de lição, de ensinamento.
Pela vida sigo firme, vou com o vento!
PELA VIDA - Lena Ferreira -
domingo, 21 de abril de 2013
CONDIÇÃO
Mas se me perco é porque ainda me procuro
Não esconjuro nem blasfemo; sigo em frente
- serenamente é pretensão; às vezes piro
entre um delírio e outro a vírgula pontua -
Se insinua que, por isso, sou volúvel
eu não lamento; sinto muito, mas respeito
Este é meu jeito, é condição indissolúvel
mas, diferente de você, eu não me acho
Lena Ferreira - abril/13
Não esconjuro nem blasfemo; sigo em frente
- serenamente é pretensão; às vezes piro
entre um delírio e outro a vírgula pontua -
Se insinua que, por isso, sou volúvel
eu não lamento; sinto muito, mas respeito
Este é meu jeito, é condição indissolúvel
mas, diferente de você, eu não me acho
Lena Ferreira - abril/13
SEI LÁ
Sei
lá o porquê de escrever assim, dizendo o que me vem à mente em versos
reticentes e desconexos; incompreensíveis. De certo é pelo vício
adquirido de me deixar vazar pela luz da lua e deitar-me com as estrelas
frias, diariamente; sei lá porquê...
Talvez pelo fato da agonia cortante que me aflige a alma, - insistente-
queira esvaziar-me por breve instante. Talvez...Só sei que, quando escrevo assim, -relatando as marés que me consomem- sinto um conforto doce, embora passageiro, que tempera a acidez de minha alma.
Sei lá...Podem me lançar rótulos, os mais diversos e confusos, mas não abrirei mão dessa demência de por a alma à luz desses julgamentos diários. Sei lá porquê...
SEI LÁ - Lena Ferreira -
Talvez pelo fato da agonia cortante que me aflige a alma, - insistente-
queira esvaziar-me por breve instante. Talvez...Só sei que, quando escrevo assim, -relatando as marés que me consomem- sinto um conforto doce, embora passageiro, que tempera a acidez de minha alma.
Sei lá...Podem me lançar rótulos, os mais diversos e confusos, mas não abrirei mão dessa demência de por a alma à luz desses julgamentos diários. Sei lá porquê...
SEI LÁ - Lena Ferreira -
CHOVEU
E choveu aquela menina;
tempestade sem trovões
raios de olhares tortos
censurando seu perdão
Choveu tanto, tanto, tanto...
Não tento entender o intento
mas sinto como sendo minha
a poça onde descansa agora
sua calma desesperada e só
CHOVEU - Lena Ferreira -
tempestade sem trovões
raios de olhares tortos
censurando seu perdão
Choveu tanto, tanto, tanto...
Não tento entender o intento
mas sinto como sendo minha
a poça onde descansa agora
sua calma desesperada e só
CHOVEU - Lena Ferreira -
SINTO
Às
vezes, me pego revendo os rabiscos e desenhos primários dos meus filhos
quando bem pequenos. São traços incertos, cores desencontradas,
pinturas desobedientes ao espaço imposto mas, gente, como são lindos!
Como são importantes para eles que fizeram e para mim que recebi, mesmo
que, a primeira vista, não fizessem sentido; me tocam e eu sinto, é o
que importa. Hoje, li uma mensagem que dizia mais ou menos assim: ''a
vida é da cor que a gente pinta.'' Diria que é, também, da cor que a
gente vê e que, traços, rabiscos e curvas, não precisam fazer sentido,
desde que nos façam sentir.
Lena Ferreira
sexta-feira, 19 de abril de 2013
UMBILICAL
Tão
certo como o azul do céu
desperto e vejo o mar além
meus olhos vão num vai-vem
tenho um segundo para recordar
É tanto tempo que o tempo tem
mas não me prendo; bom é divagar
em um segundo nascerá alguém
também, em um segundo, morrerá
Tão certo como um mais um
deu três, eu vou ser bem feliz
pois ser feliz depende só de mim
de mim, de mim; de mais ninguém
UMBILICAL - Lena Ferreira -
desperto e vejo o mar além
meus olhos vão num vai-vem
tenho um segundo para recordar
É tanto tempo que o tempo tem
mas não me prendo; bom é divagar
em um segundo nascerá alguém
também, em um segundo, morrerá
Tão certo como um mais um
deu três, eu vou ser bem feliz
pois ser feliz depende só de mim
de mim, de mim; de mais ninguém
UMBILICAL - Lena Ferreira -
URGÊNCIA
Não te quero tarde; te quero agora
Urgentemente mas isento de pressa
O dia encontra a lua com a promessa
de rutilar o amor e sem demora.
Amar-te às claras na vaga brisa leve
É mágico encanto; é calma e calma
Que acalma esses delirantes traumas
Queimados em fogueira; chama breve
Cadentes num amar constante e puro
Anima por mim mesma a alta estima
Sucedem voos em saltitos leves
Dois corpos flutuando; vejo, juro
Em êxtases e espasmos; verso e rima
carinho letra a letra; urgência é greve
URGÊNCIA - Lena Ferreira -
Urgentemente mas isento de pressa
O dia encontra a lua com a promessa
de rutilar o amor e sem demora.
Amar-te às claras na vaga brisa leve
É mágico encanto; é calma e calma
Que acalma esses delirantes traumas
Queimados em fogueira; chama breve
Cadentes num amar constante e puro
Anima por mim mesma a alta estima
Sucedem voos em saltitos leves
Dois corpos flutuando; vejo, juro
Em êxtases e espasmos; verso e rima
carinho letra a letra; urgência é greve
URGÊNCIA - Lena Ferreira -
quarta-feira, 17 de abril de 2013
MADRUGADA
A
languidez desse silêncio arranha
se
arrasta pelos cantos mais estranhos
compõe
as madrugadas desses dias
tão
frias, as letras sobram no papel
Qusera
um grito insano e ensurdecente
varresse
essa saudade que não cala
resvala
em todo cômodo conforto
roçando
as janelas com seu vento
Um
nó no pensamento que vagueia
mais
uma taça de cheia de agonia
e
a frase, tão aflita, morre à míngua
aos
pés do sol que ainda vai nascer
MADRUGADA
- Lena Ferreira
- abril/13
terça-feira, 16 de abril de 2013
ABRIGO
Abrigo
de tormentas e calmarias
diriam
que, por isso, sou uma atriz
eu
fiz por merecer essa bagagem
-
aragem passadiça, desconforto -
Meu
porto é inconstância permanente
agente
em céus de organza nessas fases
e
as frases que me lançam em desvio
são
fios que, mais ais, cumularão
Se
o teu senão dissesse claramente
o
que na mente escondes, que alegria!
mas
não, só sugestão; calo em meu peito
é
o jeito de seguir sem temporais
Abrigo
calmarias e tormentas e alguns ais;
aguenta,
alma minha, somente um pouco mais...
ABRIGO
- Lena Ferreira
- abril/13
segunda-feira, 15 de abril de 2013
SURTO POÉTICO
Quero mais é ler o sol sorrindo
poeira de beijos no pé da estrada
ouvir os sussurros dos lírios
e os delírios na boca da madrugada
Quero mais letras, livres, leves, voando
no ritmo do impróprio pensamento
desmedidas, sem régua, sem regra,
sentindo o gosto dos seus ventos
Quero o imprevisto do improvável
às cegas para a monotonia
e sentir o susto mais palpável
de mais um surto de poesia
SURTO POÉTICO – Lena Ferreira – abril/13
poeira de beijos no pé da estrada
ouvir os sussurros dos lírios
e os delírios na boca da madrugada
Quero mais letras, livres, leves, voando
no ritmo do impróprio pensamento
desmedidas, sem régua, sem regra,
sentindo o gosto dos seus ventos
Quero o imprevisto do improvável
às cegas para a monotonia
e sentir o susto mais palpável
de mais um surto de poesia
SURTO POÉTICO – Lena Ferreira – abril/13
ESTAÇÕES
Quando meu peito inverna,
chovo forte
- trovejando ventanias
alago o leito em prantos -
Nessas horas,
seu sol-riso vem, mansinho
e dissolve as nuvens gris
do meu pensamento-temporal
Sopra seu hálito de brisa morna
secando todos os cantos
Recolhe as folhas do meu outono
semeando com tanta ternura
Prepara meu território inteiro
para receber a sua primavera
E o efeito, não demora
logo, logo, verão
ESTAÇÕES - Lena Ferreira -
chovo forte
- trovejando ventanias
alago o leito em prantos -
Nessas horas,
seu sol-riso vem, mansinho
e dissolve as nuvens gris
do meu pensamento-temporal
Sopra seu hálito de brisa morna
secando todos os cantos
Recolhe as folhas do meu outono
semeando com tanta ternura
Prepara meu território inteiro
para receber a sua primavera
E o efeito, não demora
logo, logo, verão
ESTAÇÕES - Lena Ferreira -
FASES
Semicerrados, olhares se observam
arteiros, em promessas absurdas
invadem os meios inteiros e se instalam
nos tantos cantos escusos, recatados
Semioculta, a lua, cheia em fases
bisbilhota esse comportamento infante:
quatro olhinhos brincando de verdades
duas bocas salivando diálogos silentes
Nascem promessas avessas e caras
florescem gramas nas areias da praia
e uma brisa mole e morna destila o ar
ouvindo o suspiro da noite em quases
Pausando no vão dessas frases não ditas
brindam com olhares na taça da calma
e seguindo o universo na alteração da rota
mudam a fase cheia para uma lua nova
FASES – Lena Ferreira -
DANÇA
E dança a menina
ao sabor da brisa
pensamento vago
Bem perto do lago
uma dor a escraviza
que até a desatina
Lânguida e leve
suspiros macios
silêncio profundo
Percorre o mundo
mergulho no estio
do momento breve
E dança, e dança
em dó, rodopios
em si, contradança
No equilíbrio, avança
e a mais um desafio
- coragem - se lança
DANÇA - Lena Ferreira -
PLENA
Quando seus olhos
beijam os meus, sinto-me, inteira
Abraça meu mormaço
e desembaraça o meu pensamento
Um vento leve, quase brisa
vem e eterniza essa carícia plena
Serena, a madrugada segue
e não há quem negue; faz sentir-me plena
PLENA - Lena Ferreira - abril/13
RENDIÇÃO
E a sensação do quase
quase que enlouquece
faz-nos tremer na base
corpos estremecem
fica suspensa a frase
aquela que enternece
- salivam poros e pelos -
Percorre-nos por dentro
a alma inteira sua
faz-nos perder o centro
em ida e volta à lua
assim é noite a dentro;
é meu e eu sou sua
- rendamo-nos aos apelos -
RENDIÇÃO - Lena Ferreira - abril/13
ENSAIO
E
sai o sal
do sol
e o céu
devolve o sumo
ensaiando
vaga,
abundo
pela rua
marginal
Esvai-se tal
além do véu
de
ver o mundo
deslizando
vaga, abundo
pele
crua
temporal
ENSAIO - Lena
Ferreira - abril/13
BALÉ
E
foi, recolhida no casulo-pensamento,
foi,
refletindo sobre o tolo movimento
foi,
rogando para ter temperança
Foi,
resolvida a aguardar com paciência
pelo
momento de sua autoindulgência
consciente
que o tempo só avança
Aos
poucos, as asas foram tomando forma
enquanto
sentia na alma a reforma
e
o abraço verde e leve da esperança
Enfim,
o rompimento do casulo; renovada!
na
sua mente, borboletas em revoada
coreografavam
o balé da mudança!
BALÉ
– Lena Ferreira – abril/13
GAZE
Sobre
relacionamentos
digo,
sem constrangimento,
conviver
esgarça qual gaze:
Às
vezes, somos fissuras
feridas
na alma; ranhuras
um
artigo pedindo crase
Às
vezes, um afastamento
por
mero desentendimento
mas
quero crer ser só fase
Às
vezes, somos harmônicos
momentos
que, tão sintônicos
desvencilhamos
do ''quase''
Às
vezes, a monotonia,
rotina
a desarmonia
acidulando
as frases
Mas
penso ser tudo isso
que
molda o compromisso
desde
que o momento case
Pondero
em delicadeza;
a
vida exige destreza
conviver
esgarça qual gaze.
GAZE
– Lena Ferreira – abril/13
FÚTIL
E se lançou em precipícios
abismos fundos, deu indícios
de apalpar constelações
Correndo atrás de qualquer vento
foi que atingiu o firmamento
com o peito em doidas pulsações
Dançou nas nuvens mas, inútil,
o seu motivo era tão fútil
só preenchia o ego, em vão
''De que me servem, então, estrelas?''
entristeceu-se por não tê-las
dentro da palma, além da mão...
FÚTIL – Lena Ferreira – abril/13
DEUSA
Contemplemos esta noite que desfila
num vestido deslumbrante de mistérios
salpicado de brilhantes que cintilam
e transformam o momento em etéreo
Contemplemos esta dama dos segredos:
no silêncio sepulcral da madrugada
tanto grita, que acorda alguns dos medos
na alma incauta que transtorna, enluarada
Tão materna que, de uma forma estranha,
acalenta dores várias e cansaços
encobrindo com sua sombra tamanha
muitos nós dos sós e dos sóis, o mormaço
Deusa estranha, adornada pelo tempo
simples, fácil; frágil é seu movimento
DEUSA – Lena Ferreira – abril/13
quarta-feira, 27 de março de 2013
UM
Há versos que dormem
na beira de um lago
de sabor amargo
sonhado por mim
Em mil pesadelos
contorcem as letras
que, obsoletas,
desfazem-se afins
Há versos que dormem
no meio da rua
com gosto de lua
em fases de mim
Ditando-me frases
de bases tão cruas
expoem-me ao acaso
descaso sem fim
Há versos que dormem
e eu, acordada,
tateio, em olhares,
lugares sem fim
Lambendo meu pranto
me atiro no leito
nem busco no peito
nem busco em mim
Um verso imperfeito
na certa, acordado,
tranquilo e sereno
querendo o meu sim
UM - Lena Ferreira - rev.março/13
na beira de um lago
de sabor amargo
sonhado por mim
Em mil pesadelos
contorcem as letras
que, obsoletas,
desfazem-se afins
Há versos que dormem
no meio da rua
com gosto de lua
em fases de mim
Ditando-me frases
de bases tão cruas
expoem-me ao acaso
descaso sem fim
Há versos que dormem
e eu, acordada,
tateio, em olhares,
lugares sem fim
Lambendo meu pranto
me atiro no leito
nem busco no peito
nem busco em mim
Um verso imperfeito
na certa, acordado,
tranquilo e sereno
querendo o meu sim
UM - Lena Ferreira - rev.março/13
segunda-feira, 25 de março de 2013
NUVEM
Quando fui mar, tentei rasgar dois oceanos
e com esse plano, me perdi nas muitas rotas
das densas ondas de espumas fractais
que, urgentemente, devolviam os meus ais
Regurgitava o que do fundo revolvia
e dissolvia a razão tão de repente
sinceramente, não sabia mais se via
ou imaginava o que estava à minha frente:
Mais de dez vultos, embaçados, e falavam
em uma língua que, entender, não conseguia
mas insistiam com um sorriso convincente
e a viagem, a grosso modo, prosseguia
Quando fui mar, ralei a alma em rochedos
por aceitar a incitação de qualquer vento
- evaporei e aguardo, num céu de estio,
pra deslizar no curso de um perene rio. -
NUVEM - Lena Ferreira - março/13
sexta-feira, 22 de março de 2013
A VIA
Havia o som dos silêncios aflitos
que divisava o espaço entre a boca e a pele
suspiros suspensos causando arrepios
e alguns segredos macios prestes a desabrochar
Havia o abismo infundado e arredio
que separava o voo do seu arremesso
em linha tão tênue, em sede-precipício
e o avesso da calma querendo queimar
Havia o desejo incontido, fremente
que inflava o peito em batidas fatais
em descompasso à razão; rarefeito
e muitas gotas a nos encharcar
Havia, e a via, do meio ao princípio
recomeçava até que, ao final
entre espasmos, sussurros, sem frio
morremos, plenos, dentro de um olhar
A VIA - Lena Ferreira - março/13
quarta-feira, 20 de março de 2013
PLANTIO
Era feita de nuvens esparsas e estrelas frias varriam o céu da sua boca. De quando em vez, cuspia em vãos olhares que, ditos vulgares, deitavam-lhe apontamentos. Catava lágrimas em terreno infértil e seco, bebia mágoas em fontes alheias. Erguia muros em torno dos próprios destroços e no seu rosto, o riso não se desfazia. Puro disfarce, sei, pois por dentro jorrava o sangue de letras rotas entorpecendo o pensamento. E quando o vento lhe acenava, imaginava o seu livramento. Mas, ledo engano, sempre colhia a tempestade dessas verdades desinventadas que semeava paulatinamente contra o tempo...
Plantio - Lena Ferreira - março/13
AGORA
Porque a vida é agora
sem o excesso do passado
nem a ânsia no futuro
eu alcanço a minha paz
Porque a vida é agora,
é o instante reservado
se for claro ou escuro
enfrentá-lo, sou capaz
Porque a vida é agora
e o segundo é ser alado
não se equilibra em muro
e nem olha para trás
Porque a vida é agora
sem dilema calculado
se me corto, sei que curo
aprendi; não choro mais
Porque a vida é agora;
um instante sem demora!
AGORA - Lena Ferreira - março/13
sem o excesso do passado
nem a ânsia no futuro
eu alcanço a minha paz
Porque a vida é agora,
é o instante reservado
se for claro ou escuro
enfrentá-lo, sou capaz
Porque a vida é agora
e o segundo é ser alado
não se equilibra em muro
e nem olha para trás
Porque a vida é agora
sem dilema calculado
se me corto, sei que curo
aprendi; não choro mais
Porque a vida é agora;
um instante sem demora!
AGORA - Lena Ferreira - março/13
segunda-feira, 11 de março de 2013
CONCERTO
Deu pra escutar
o som das cores
e rabiscava em sonata
o que ouvia.
A melodia transbordava
um oceano
que desaguava
pelos olhos que ouviam.
- um mar imenso
colorindo o desacerto
e o som das ondas
aplaudindo esse concerto. -
Concerto - Lena Ferreira - março/13
MADRUGANDO SILÊNCIOS
Enquanto a noite respira silêncios, mão aflitas se afogam em saudades de um passado cuidado, tão presente, onde olhares silentes trocavam verdades....No desespero, se agarram às estrelas onde penduram todas as suas queixas. Apressam a noite e, tentando aquecê-las, madrugam silêncios acordando o sol...
Madrugando silêncios - Lena Ferreira.
Madrugando silêncios - Lena Ferreira.
JURAMENTO
Sentindo o vento da inútil espera
parti, alucinada, à tua procura
acompanhada pela ânsia-fera
convulsionei meus pés em sã loucura
A cada passo meu, o teu -pudera-
se afastava mais na noite escura
crescente, o desespero, tal qual hera
fazia-me lançar a insana jura:
-Depois que te encontrar, me distancio;
juro! Bem sei que estamos por um fio
melhor é estancar o sangramento!
(...eu beberei teus olhos em aceno
na despedida, o sorriso sereno
se apagará junto com o juramento.)
Juramento - Lena Ferreira - 11/3/13
parti, alucinada, à tua procura
acompanhada pela ânsia-fera
convulsionei meus pés em sã loucura
A cada passo meu, o teu -pudera-
se afastava mais na noite escura
crescente, o desespero, tal qual hera
fazia-me lançar a insana jura:
-Depois que te encontrar, me distancio;
juro! Bem sei que estamos por um fio
melhor é estancar o sangramento!
(...eu beberei teus olhos em aceno
na despedida, o sorriso sereno
se apagará junto com o juramento.)
Juramento - Lena Ferreira - 11/3/13
sexta-feira, 8 de março de 2013
BREVE GREVE
BREVE GREVE
(Lena Ferreira)
Não te quero tarde; te quero agora
Urgentemente mas isento de pressa
A lua encontra o dia com a promessa;
fazer brilhar o amor e sem demora
Amar-te às claras na vaga brisa leve
É mágico encanto; é calma e calma
Que acalma os delirantes traumas
Queimados em fogueira; chama breve
Cadentes num amar constante e puro
Anima por mim mesma a alta estima
Sucedem voos em saltitos leves
Dois corpos flutuando; vejo, juro
Em êxtases e espasmos; verso e rima
carinho letra a letra; urgência é greve
ESSAS MULHERES
ESSAS MULHERES
(Lena Ferreira)
Essas mulheres
que desfilam competência
são filhas da desobediência
das velhas ordens sociais
Essas mulheres
netas da censura
negaram-se à clausura
dos seus vívidos ideais
Essas mulheres
desafiam o vento
correndo contra o tempo
fazem o dia render mais
Essas mulheres
são trabalhadoras
estudantes, mães, educadoras
conselheiras e até pais
Essas mulheres
são mulheres de fato
corajosas, assinaram um contrato:
dar o seu melhor em tudo que for capaz
...e, ainda, um pouco mais
ASSIM
ASSIM
(Lena Ferreira)
É assim que me entrego à vida; como as águas do mar que se rendem ao vento. A princípio formando marolas tímidas
mas que, pouco a pouco, vão se avolumando e formam ondas caudalosas onde sei que saciarei a minha sede de viver intensamente.
Num mergulho inteiro e profundo, bebo todas as oportunidades que o sol me apresenta ao amanhecer. Emerjo praticamente saciada mas prossigo; transpirando possibilidades, saboreio a brisa que crispa as ondas mornas. Aportando ao entardecer nas areias do tempo, aguardo, quem sabe quieta, pelo brinde da lua para mais uma intensa e urgente entrega. Assim, eu vivo.
PROMESSA
PROMESSA
(Lena Ferreira)
E um amor prometido pelo tempo
cria asas e derrama-se no vento
Intocável como a pedra na colina
solidário, cúmplice e puro e livre
Enlaçados entre nuvens e orvalho
colhem o néctar da pureza eterna
enviando sinapses estelares várias
pensamentos refletidos em sorrisos
Quão lindo é um amor assim...
Crente, silente e ciente do Eterno
e da Promessa da Vida Na Luz Maior.
terça-feira, 5 de março de 2013
VENTANTE
VENTANTE
(Lena Ferreira)
Vento vasto, varre e verte
vozes de sonhar ao longe
leva meu pensar tão leve
a atingir picos e montes
Vento vibra, a voz inverte
arremassando promessas
atingindo a mente em greve
açoitando vãs remessas
Vento venta, fortemente
assassinando torturas
libertando toda mente
que se esquece na clausura
Vento avisa e brisa a folha
sacudindo o pó da escolha
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
APELAÇÃO
Quando o julgamento antecede o depoimento, não haverá argumento capaz de absolvê-lo, réu; apele para o silêncio...
Lena Ferreira
Lena Ferreira
IMPERCEPTÍVEL
IMPERCEPTÍVEL
(Lena Ferreira)
Eu te vi por aí, cabisbaixa
errando esquinas e bares
bebendo restos de saudade
em copos cheios de mágoa.
Ias linda, não fosse o rímel borrado...
Teus lábios carnudos e roxos
esboçavam um sorriso simples
e na sinuosidade do corpo
um vestido de nuvens; flutuavas.
Tua alma sobrava, frouxa e deserta
Os olhos orvalhados me procuravam,
sei bem; tanto que me pus à tua frente
tentei te abraçar e tu recuaste - medo?
é que, às vezes, me disfarço de ausências.
Eu te vi por aí e tu não percebeste, amor...
(Lena Ferreira)
Eu te vi por aí, cabisbaixa
errando esquinas e bares
bebendo restos de saudade
em copos cheios de mágoa.
Ias linda, não fosse o rímel borrado...
Teus lábios carnudos e roxos
esboçavam um sorriso simples
e na sinuosidade do corpo
um vestido de nuvens; flutuavas.
Tua alma sobrava, frouxa e deserta
Os olhos orvalhados me procuravam,
sei bem; tanto que me pus à tua frente
tentei te abraçar e tu recuaste - medo?
é que, às vezes, me disfarço de ausências.
Eu te vi por aí e tu não percebeste, amor...
PERMITA-ME
PERMITA-ME
(Lena Ferreira)
Permita-me dizer-te uma palavra
Talvez sejam duas ou três
Não sei bem
Permita-me tocar-te uma única vez
E sentir-te como se fosses o primeiro
E beijar-te como se fosses o último
Permita-me olhar-te assim
Do meu jeito:
Meio louco, meio ingênuo
Meio santo, meio demônio
Permita-me desejar-te
Por alguns minutos
Ou horas, talvez
Preso em meus olhos ansiosos
Permita-me amar-te assim
Louca, intensa e infinitamente
...enquanto houver amor.
SÚPLICA
SÚPLICA
(Lena Ferreira)
Porque tua pausa parece infindável
e tua lira, ópera inteira; orquestra
tocando a partitura dos meus poros
em notas tão perfeitas e sonantes
Porque teu verso carece meu inverso
e tuas letras, crianças peraltas
aprontando fuzarca no meu sítio
trazendo ventura pros meus dias
Porque teu verbo parece silente
e teu silêncio é grito mudo, eterno
suplica por peles cruas, pelos tesos
causando espasmos na alma casta
Porque tua causa ´parece urgente
e tuas promessas perfeitas, cabíveis
imploram aos deuses gregos e pagãos
pela redenção de um pecado imortal
Porque teu porquê é tão convincente
repenso e te perdoo novamente...
ENLEIOS
ENLEIOS
(Lena Ferreira)
Enquanto a noite descia
vagarosamente
escutava o passado rir faceiro
dos olhos lacrimosos
namorando espelho
trincado
quarto
frio
Estrelas salpicavam
a negritude
de um céu imenso, imenso
a exacerbar
todos os enleios
derramosos, quentes
de um ser que não
se
via
nem se
cria
Havia vento,
um vento caloroso em abraço
que acalentava a alma
entristecida e em cismas
divagava; possibilidades tantas
futuro entremeios
se morria
Enquanto a noite tecia
a colcha de detalhes
com borda de sonhos
escutava o futuro
preguiçoso
a
cor
dar
NAUFRÁGIO
NAUFRÁGIO
(Lena Ferreira)
Seus olhos
tão negros, tão puros
tão cheios de candura
por um torpe desengano
transformaram-se, distantes,
em duas poças de mágoa.
Seus olhos
já frios, escuros
perderam toda a ternura
transbordaram o oceano
onde eu, pobre navegante
bebi quase toda água.
Seus olhos
tão cheios de esperar
lançavam um olhar tão frágil
para além, além do mar
como a prever meu naufrágio
onde afogar-me-ia
mas o que eu mais quereria
era naufragar no seu olhar.
- releitura de SEUS OLHOS - Gonçalves Dias
LÍQUIDOS
O céu, coalhado de nuvens alaranjadas, anuncia mais um dia de calor infernal mas eles, que vem de uma noite transpirada, não se importam com o que virá pela frente; abasteceram-se de líquidos madrugados, saciando sedes para mais de um dia. E embora a promessa deste sol que se levanta seja de inferno, dois sorrisos cúmplices se abrem, satifeitos e certos de mais uma lua no paraíso.
Lena Ferreira.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
SILÊNCIO MUSICADO
SILÊNCIO MUSICADO
(Lena Ferreira)
Foi do silêncio
qe nasceu a melodia
ante a euforia
que rondava quarto e sala
fechou os olhos
pro passado - finalmente -
não de repente
- pouco mais que um piscar -
e eram notas
tão suaves, delicadas
onde o perfume
impregnava o ambiente
e era tão lindo
esse silêncio musicado
que não podia
- nunca mais -
manter-me mudo
mesmo ciente
de ter sido descuidado
de ter mantido
- há tanto tempo -
o ouvido surdo
(Lena Ferreira)
Foi do silêncio
qe nasceu a melodia
ante a euforia
que rondava quarto e sala
fechou os olhos
pro passado - finalmente -
não de repente
- pouco mais que um piscar -
e eram notas
tão suaves, delicadas
onde o perfume
impregnava o ambiente
e era tão lindo
esse silêncio musicado
que não podia
- nunca mais -
manter-me mudo
mesmo ciente
de ter sido descuidado
de ter mantido
- há tanto tempo -
o ouvido surdo
Assinar:
Postagens (Atom)